Vasconha: Da Varanda Sagrada ao Empreendimento Canábico - A História da Torcida que Virou Empresa
Descubra a trajetória da Vasconha, torcida 'maconheira' do Vasco, desde a Varanda Sagrada até se tornar um empreendimento com CNPJ. Conheça o impacto da visibilidade e a virada de chave que transformou a paixão pelo time em negócio.
A história da Vasconha, a torcida "maconheira" do Vasco, é repleta de momentos marcantes, desde a saudosa Varanda Sagrada até sua transformação em um empreendimento com CNPJ. O nome, sugestivo, não se limita apenas aos adeptos da maconha, revelando-se como uma amizade descompromissada entre amigos vascaínos.
O episódio emblemático que impulsionou a Vasconha aconteceu durante uma live do influenciador Casimiro, também vascaíno. Um boné estampado com o logo da Vasconha foi parar na cabeça de Casé durante a comemoração da vitória do Vasco sobre o Bahia. O que começou como uma brincadeira entre amigos logo se transformou em uma demanda crescente: vascaínos, maconheiros, e até mesmo não-maconheiros, queriam o boné da Vasconha.
A torcida, que não se define como uma organizada tradicional, é composta por amigos vascaínos que buscam curtir os jogos em paz, alguns apreciando a maconha e outros simpatizando com a causa. O cenário ideal para essa amizade se desenrola em um churrasquinho antes dos jogos do Vasco.
A saudosa Varanda Sagrada, apelido dado a um espaço aberto no antigo São Januário, foi o berço da Vasconha. Ali, amigos se reuniam para assistir aos jogos, criando laços e tradições. Com sua demolição em 2011, o grupo se dispersou pelas arquibancadas, mas a Varanda Sagrada continua viva nas bandeiras que são hasteadas pela torcida.
Sem o espaço original, os cuidados ao acender um baseado nos estádios aumentaram. A direção do vento é calculada, e a fumaça é evitada para não chamar a atenção de torcedores e autoridades. A Vasconha, contudo, não se limita ao consumo da erva; o que une seus membros é o apoio à descriminalização da maconha no Brasil.
O momento marcante para a torcida ocorreu em uma partida contra o Cruzeiro no Maracanã. O gol do Vasco, comemorado entre baseados acesos, trouxe uma emoção intensa, especialmente após dois anos pandêmicos sem a presença nos estádios.
A Vasconha, além de suas peculiaridades, prestou uma homenagem singular ao ex-presidente uruguaio Pepe Mujica. Um bandeirão com o rosto de Mujica foi levado até sua casa, uma peregrinação cannábica que, apesar de não ter alcançado o objetivo esperado, ficou marcada na trajetória da torcida.
Com a visibilidade crescente, a Vasconha transformou-se em empresa e loja online. Cabeça, um dos membros mais ativos, destaca que a torcida recebe pedidos de todo o Brasil, mesmo de não vascaínos. A virada de chave trouxe desafios burocráticos, mas os integrantes concordam que é melhor assim, contribuindo para quebrar estigmas e mostrar que a Vasconha é, acima de tudo, uma torcida da paz, feliz por ver o Vasco ganhar e, é claro, fumar um baseado no seu canto, sem incomodar ninguém.
No Brasil, onde a legislação de drogas proíbe o cultivo e a exploração da maconha, a Vasconha mantém sua mensagem pela descriminalização da droga, alinhada com o movimento que ocorre no Uruguai, onde Pepe Mujica desempenhou um papel crucial na legalização da maconha. A trajetória da Vasconha revela uma comunidade unida pelo amor ao Vasco, pela amizade, e por uma causa que transcende as quatro linhas do campo de futebol.