João Saldanha e sua fase na Seleção Brasileira
Conheça a trajetória de João Saldanha, desde seus primeiros passos no futebol, passando por sua brilhante carreira como cronista esportivo e treinador, até sua polêmica demissão da Seleção Brasileira antes da Copa do Mundo de 1970.
João Alves Jobim Saldanha nasceu em 3 de julho de 1917 em Alegrete, Rio Grande do Sul, e ficou conhecido como "João Sem-Medo" devido à sua personalidade destemida e suas famosas crônicas esportivas. Formado em Direito pela Universidade Federal do Rio de Janeiro, ele não seguiu carreira na área jurídica.
Em 1941, aos 24 anos, João tornou-se zagueiro do Botafogo. Em 1957, trocou a camisa de jogador pela de treinador do clube, levando o time ao título de Campeão Carioca. Continuou no Botafogo por três anos.
Deixando os gramados, João seguiu acompanhando o futebol como cronista esportivo, após se formar em Jornalismo em 1960. Destacou-se por suas opiniões afiadas e seu posicionamento político militante.
Em 1969, João Saldanha foi convidado para ser técnico da Seleção Brasileira. Sob seu comando, a seleção teve um desempenho impecável nas eliminatórias, com seis vitórias em seis jogos, classificando-se para a Copa do Mundo de 1970. Seus jogadores ficaram conhecidos como os "Feras do Saldanha".
No entanto, a ditadura militar no Brasil não via com bons olhos as opiniões políticas de Saldanha. Em 1970, apesar de já ter selecionado a maioria dos jogadores para a Copa, ele foi demitido devido a um impasse político. O general Emílio Garrastazu Médici queria ver Dadá Maravilha na seleção, mas Saldanha se recusou a ceder às pressões, afirmando: “Eu não escalo os ministros do presidente e o presidente não escala os jogadores”.
Após sua demissão, Zagallo assumiu a seleção, convocou Dadá e levou o Brasil ao tricampeonato. Contudo, muitos atribuem o mérito da vitória a Saldanha, que foi o responsável por treinar e montar o time durante as eliminatórias.
Após deixar o posto de treinador, Saldanha continuou como cronista esportivo, participando de programas como a Grande Resenha Facit na Rede Globo. Em 1990, foi contratado pela Rede Manchete para comentar os jogos da seleção na Copa do Mundo na Itália. Com a saúde debilitada, faleceu em 12 de julho de 1990, em Roma.