A Vida Intensa e Polêmica de Heleno de Freitas: O Gênio Incompreendido do Futebol Brasileiro
Conheça a incrível e controversa trajetória de Heleno de Freitas, um dos maiores jogadores de futebol do Brasil nos anos 40. Descubra sua vida tumultuada, glórias, polêmicas e um destino trágico que o levou à loucura.
Heleno de Freitas: O Gênio Incompreendido do Futebol Brasileiro
Ele nasceu em 12 de fevereiro de 1920. Veio ao mundo para transformar e fazer história no futebol. Entrou pela porta da frente. Tornou-se ídolo. Saiu pela porta dos fundos. Virou o louco.
Viveu uma vida livre, mas nada leve.
Quebrou tabus numa alta sociedade na qual ele brilhava como galã, cobiçado por muitas mulheres, que passaram a frequentar os estádios por ele. Parava bares luxuosos ao chegar: “Bem-vindo, Doutor Freitas”. Sim, era formado em advocacia, como o irmão Heraldo, cinco anos mais velho.
Ambos não exerceram a profissão porque não queriam "defender bandido", muito menos colocar gente inocente na cadeia.
Era oriundo de família rica e descente.
Das peladas com os amigos foi parar no Botafogo, onde brilhou com sua arte, gols e dedicação anormais para um jogador de futebol daquela época.
Era a personificação da Estrela Solitária, o corpo e a alma daquele time. Um atacante elegante, polêmico e um cabeceador fulminante.
Um atleta capaz de humilhar não só os adversários como também os companheiros de time. Afinal, Heleno não perdoava quem não conseguisse efetuar um passe preciso.
Da vida intensa e promíscua adquiriu sífilis, grave doença venérea que, à época, além de não ter cura, levava o doente à loucura. Viveu os últimos dias em um hospício.
Esse foi o triste final do homem chamado "Gilda”, um dos maiores craques, o primeiro jogador-problema da história do futebol brasileiro.
Heleno de Freitas, se estivesse vivo, completaria hoje cem anos de vida nesta quarta-feira (12). Imagina o que ele teria para contar se tivesse vivido tudo isso, pois morreu, 60 anos atrás, pouco antes de completar 40 anos de vida.
Foi tão marcante que virou musical, "Um homem chamado Gilda", em 1996, interpretado pelo ator Raul Gazzola, depois virou tema de livro, em 2006 com “Nunca houve um homem como Heleno", do jornalista Marcos Eduardo Neves e, por fim, em 2012, foi parar nas telonas com o filme “Heleno”, de José Henrique Fonseca e estrelado por Rodrigo Santoro.
Dos campos, registros de imagens em movimento só existem dois. Um quando ainda jogava pelo Boca Juniors. Outro de um gol pela seleção carioca. No mais são fotos e muitas histórias de glórias e preconceito que marcaram sua trajetória. Na imprensa, como em tudo na vida, saíram verdades e maldades sobre o craque.
Ao mergulhar nesse universo fantástico e enigmático da vida de Heleno de Freitas, a impressão que tive é que devemos um pedido de desculpas à memória do jogador, em respeito aos familiares que carregam até hoje o fardo de histórias e especulação que não condizem com a realidade de quem conheceu e conviveu com o homem e atleta.
"Ele era muito gentil, eu nunca o vi gritando em casa ou falando um palavrão. A única vez que vi ele dar um berro na casa da vovó foi quando o Edu morreu, um amigão dele. Ele soube da notícia pelo rádio. Ele ficou doido. Chorava, batia na mesa, foi um desespero" Herilene de Freitas, sobrinha de Heleno de Freitas
Heleno foi também artilheiro na seleção brasileira e sempre lamentou nunca ter disputado uma Copa do Mundo. Culpa da Segunda Guerra Mundial, que cancelou os torneios de 1942 e 1946. Depois, em 1950, na sua última chance, já com sintomas de demência, ficou fora após apontar uma arma para o técnico Flávio Costa. Ele estava brincando. O treinador não entendeu assim.
Sobre a derrota para o Uruguai por 2 a 1, afirmou que se estivesse em campo teria aniquilado Obdulio Varela, o líder da seleção celeste, e o Maracanã não viveria aquela tragédia.
A verdade é que naquele ano do Mundial, muita gente próxima a Heleno já desconfiava que algo andava errado na vida dele, e que a cabeça do doutor da bola já não andava perfeita. A própria família dele relutou em acreditar que o ídolo dos campos estava com problemas mentais.
Triste foi a primeira e última participação de Heleno em sua estreia, com a camisa do América-RJ, no Maracanã, em 1951. O craque ficou parado, olhando as arquibancadas, completamente fora de si.
"Desde 1947, ele já dava indícios de que estava muito mal. Em 1949, ele é campeão carioca pelo Vasco. Só que ele chega para o Flávio Costa, que também era técnico da seleção, e aponta uma arma, fazendo uma brincadeirinha. E o Flávio acaba tirando ele da seleção" Marcos Eduardo Neves, jornalista e autor da biografia de Heleno
O lado “B” de Heleno Não são muitos os pesquisadores que podem falar sobre a vida polêmica do grande futebolista Heleno de Freitas. Isso porque, de uns 20 anos para cá, não só a crônica esportiva, como principalmente os atuais consumidores do futebol, não estão ligando para as histórias daqueles que ajudaram a construir a trajetória do nosso amado futebol.
Preste atenção, são poucos os jornais, programas de rádio, televisão e sites na internet que abrem espaços para contar as gloriosas histórias.
Muitos pensam que a vida começou agora, apenas com as atuais estrelas da bola, se esquecem que o passado, que os nossos ancestrais abriram picadas no facão para que fôssemos respeitados no mundo inteiro como o país do futebol. E, se já não somos, aí é outra questão, mas o que foi construído é inegável.
EQUIPE JOGOS GOLS
Botafogo 233 204
Boca Juniors 17 7
Vasco 24 19
Atlético Junior 15 9
América-RJ 1 0
Brasil 18 15